Conheça história do Brasil na Segunda Guerra em Pistoia: Monumento e Museu da FEB *texto realizado em 4 mãos, brasileira e italiana
Perto Pistoia havia um cemitério militar onde estavam enterrados 465 soldados brasileiros da FEB, a “Força Expedicionária Brasileira”, que morreram na Itália durante a luta pela libertação do nazi-fascistas (1944-1945), durante a Segunda Guerra Mundial.
Este texto faz parte de uma blogagem dupla, realizada com a Maria Arruda do Blog Viagem na Itália, leiam também: Segunda Guerra Mundial: a cobra fumou em Montese
A HISTORIA DA GUERRA E DOS PRACINHAS
*escrito por Marco Petrini
O Brasil “entrou” na guerra em 22 de agosto de 1942 junto com os Aliados, depois que alguns navios mercantes brasileiros foram afundados por submarinos alemães. Mas apenas em março de 1944 o exército brasileiro participou diretamente na guerra, enviando um primeiro grupo de soldados, a Nápoles sob o comando do general João Batista Mascarenhas de Morais.
De Nápoles, os soldatos foram transportados por via marítima para Livorno e depois lutaram na frente da Linha Gótica nas imediações dos Apeninos Tosco-Emilianos, nas montanhas entre o Estado da Toscana e da Emilia-Romagna.
O símbolo da FEB é uma cobra fumando, uma resposta irônica para aqueles que, no Brasil, diziam que era mais fácil ver uma cobra fumando um cachimbo, que um brasileiro lutar na Segunda Guerra Mundial.
O desenho foi aprovado pelo Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra ja na Itália e a produção artesanal foi iniciado pelas várias famílias que abrigavam os soldados. “A cobra vai fumar” acabou até virando um canto de guerra, um verdadeiro grito dos soldados durante a guerra.
Um outro símbolo chegou a ser criado pelo grande cartunista Walt Disney, mas não foi usado pelas tropas.
O Exército Brasileiro se dintinguia não só por sua boa conduta nas batalhas, mas também pela sua humanidade e as boas relações com a população local, muitas vezes os Pracinhas dividiam o pouco de comida com as pessoas locais. Muitas histórias contam que quando os brasileiros chegavam era festa, porque chegava comida, paz e alegria.
E cinqüenta soldados, depois da guerra, se casaram com italianas, foi então organizado um navio para trazer as noivas para o Rio de Janeiro! Sério!
O MONUMENTO VOTIVO MILITARE BRASILIANO EM PISTOIA
No Cemitério de Pistoia foi inicialmente sepultados os corpos dos mortos da guerra, depois foram transferidos e sepultados no Memorial Nacional de Guerra, no Rio de Janeiro em 1960.
Cinco anos depois em Pistoia, foi realizada a construção e concluída em 1967, o Monumento Votivo Militar, que foi projetado pelo arquiteto brasileiro Olavo Relig Campos (1906-1984). Durante o trabalho foi encontrado nas proximidades de um último corpo que não foi possível identificar, e assim decidiu-se deixá-lo no mesmo santuário com o título de”Soldado Desconhecido”.
O local é caraterizado por uma grande avenida pavimentada com mármore gravado com os locais das batalhas que soldados brasileiros lutaram contra os nazistas. A estrada leva a um dossel elegante de concreto armado, onde na base foi colocado “o fogo eterno”, uma chama acesa ininterruptamente, como um santuário para lembrar esse heróis e homenagear esses homens que deram as suas vidas para ajudar os Italianos.
Além destes elementos simbólicos, encontramos uma banheira cheia de água refletindo a parede, com os nomes dos soldados mortos.
À direita do monumento votivo, no parque, há placas com os nomes dos 465 que foram mortos aqui enterrados. Tudo é cercado por vegetação densa, que cria uma atmosfera de tranquilidade e serenidade.
Vale lembrar que Montese, uma cidade perto de Modena, dedica uma sala do seu Museu Histórico em memória dos soldados da FEB, além de dois monumentos, uma rua e uma praça.
Além disso, em muitas cidades, especialmente na Toscana e Emilia onde soldados da FEB lutaram, há monumentos, lápides e vários artefatos que lembrá-los.
Veja este mapa abaixo que mostra os locais da FEB na Itália:
Nós italianos devemos muito mais que um GRAZIE a todos os pracinhas que ajudaram a liberar a Itália do fascismo.
*Não esqueça de ler o texto da Maria Arruda no Blog Viagem na Itália sobre a Segunda Guerra Mundial: a cobra fumou em Montese
MARIO PEREIRA E O MUSEU FAB
* escrito por Deyse Ribeiro
Ha alguns anos, foi realizado um pequeno museu com documentos e objetos originais da FEB, recuperados e catalogados por Mario Pereira, uma pessoa muito especial.
Mario é filho de Miguel Pereira, um veterano da FEB que cuidou do local quando ainda continha os corpos dos soldados e ele que era uma das pessoas que batalhou com o governo para que o monumento fosse construído. Ele tomou conta do cemitério até o seu falecimento e hoje seu filho, que nasceu na Itália, mas é brasileiro claro, mantêm o Monumento e organizou todo o acervo do museu, além de organizar vários eventos na Toscana e na Itália para lembrar e comemorar os nossos pracinhas.
Ouvir Mario Pereira falar sobre a participação dos brasileiros é uma verdadeira aula de história, ele ha uma paixão que faz quem o conhece ter uma profunda admiração pela sua história e pelo seu emprenho. Ele é contratado pelo consulado brasileiro e é ele que cuida, mantém e recebe os brasileiros.
No pequeno museu encontramos equipamentos de guerras, cartas, postais, fotos, capacetes, armas, uniformes, veja algumas fotos abaixo:
Não deixe de conhecer o monumento se visitar Pistoia, conhecer um pouco da história da nossa nação aqui na Itália, e claro, ouvir as histórias do Mario. Garanto que você tornara a casa ainda mais orgulhoso de ser brasileiro.
Para saber mais sobre a FEB:
Um vídeo que conta um pouco da historia da FEB e dura 11 minutos, mas vale cada um…
Fontes: https://www.facebook.com/MonumentoVotivoMilitareBrasilianoPistoia – https://www.adiexitalia.org/
Informações:
Monumento Votivo Militare Brasiliano
Via delle Sei Arcole – 51100
Pistoia – Toscana – Italia
Contatos: mariopereira.italia@gmail.com – [email protected]
Site: https://www.adiexitalia.org/
mapa no fim do texto
Aos que lutaram, que venceram, que voltaram ou que morreram, minha eterna gratidão.
Parabéns as Forças Armadas do Brasil, por ter organizado uma matéria muito bem feita. Bem como o monumento dos pracinhas mortos e descansando no cemitério de Pistoia. Arquitetura empregada no cemitério indentifica o nosso Brasil. Gostaria de um dia conhecer, mesmo sabendo que esse dia não vai acontecer.