Na fachada do Duomo de Florença, chamada de Catedral de Santa Maria del Fiore, existem três portas de acesso, uma central maior e duas laterais. A porta do lado central e da esquerda foram feitas por Passaglia, mas a terceira, do lado direito, é a mais intrigante, mais extrovertida e original, além de ser a mais odiada, foi realizada por Giuseppe Cassioli. A história que vou contar explica uma curiosidade na porta da Catedral que, mesmo quem já visitou a catedral inúmeras vezes, tenho certeza, nunca reparou…
Foi Passaglia a ter a maior preferência, ele já havia sido contratado para realizar a porta central. Na verdade a ele foi designado a porta da “Via Martelli”, e Amos (pai de Giuseppe) e Giuseppe Cassioli ficariam com a porta chamada da “torre do sino”, ou seja, a que dá ao Campanário da Giotto.
A família Cassioli no passado não tinha um bom relacionamento com os arquitetos da fachada da catedral e tiveram diversas discussões para a realizações de várias obras. Mesmo com a morte de Amos em dezembro de 1891, nada foi fácil. É muito provável que a atribuição para efetuar a porta foi porque Cassioli foi banido da competição das obras do resto da fachada.
Beneficiando de uma maior liberdade de ação, Cassioli modelou uma obra de arte maravilhosa, muito dinâmica nas ilustrações, o que o forçou a comissão do concurso a obrigar Passaglia a uniformizar as sua obra com a de Cassioli, que patinou o bronze com muita cura, que lhe permitiu obter uma avaliação muito alta.
Este tipo de trabalho, as as mudanças de Passaglia para se adequar a obra do colega, os constantes atrasos na comissão, na elaboração das esculturas, não permitiram que se terminasse a obra no tempo previsto. A porta principal foi concluída em 1903, a menor de Passaglia em 1897 e a menor de Cassioli em 1899
Os atrasos ainda tinham sido atribuidos o fato de que o mesmo Cassioli tinha “medo” no julgamento do público e dos colegas artistas. Ele ainda tinha a questões jurídicas que vinham a criar atrasos na entrega e mais problemas financeiros, chegou a enfrentar a miséria ao fim da vida.
Como Cassioli queria deixar para a posteridade um símbolo, uma indicação clara do próprio sentimento, da pressão psicológica e das constantes exigências de pagamento e entrega do trabalho atribuídas a ele, que o levou a expressar-se em sua bela obra de arte.
Ele deixou aqui neste trabalho bronze, o seu auto-retrato, o que você vê na imagem, contida em um painel quadrado do lado direito da porta, bem visível a quem entra (pois a face é virado para quem entra na catedral com a porta aberta) e quase imperceptível quando fechada. Em um belíssimo texto, descreve Giuseppe Branca:
” … Um jovem tem a folhagem agitada pelo vento, uma cobra que circunda o pescoço, tentando sufocá-lo em suas garras… a expressão de sofrimento em seu rosto contraído se lê… ”
A cobra em volta do pescoço, símbolo da pressão, do estresse, da usura, ficou imortalizada no tempo, em memória de um grande artista e um símbolo de um trabalho perfeitamente executado.
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Oi Deyse,
Eu sou uma daquelas que pessoas que nunca reparou neste homem com a corda no pescoço. Como dizem, a gente “oha sem ver” :D. Agora me diz uma coisa, porque aquela porta é a mais odiada? Por causa dos problemas pelos quais passou Cassioli ou por outro motivo?
Um abraço!
Pati
Ola Patricia, então, era odiada porque o Cassioli era odiado, porque ele ocasionou os atrasos nas outras portas (porque o Passaglia teve que se adaptar a ele) e na porta dele. Mas também tem outra razão, que vai ficar para um próximo post… e tem a ver com o portal desta porta… ahahah cenas do próximo capitulo!
Humm, entendi. Mas agora tô morrendo de curiosidade 😀