Sabia que o museu científico público mais antigo da Europa fica em Florença? É o Museu de História Natural da Universidade de Florença, mais conhecido como Museu La Specola.

O Museu La Specola foi inaugurado em 1775, graças a um projeto iluminista de aculturamento popular e tinha como objetivo reunir em uma estrutura todos os testemunhos do conhecimento científico, em diversas áreas. O museu é uma perfeita representação do Iluminismo, visto que um de seus fundadores, o Gran Duque Pietro Leopoldo de Lorena, era um dos grandes admiradores desse movimento que caracterizou o final do século XVIII.

A sede escolhida para o museu foi o Palazzo Torrigiani, que ficava próximo ao Palazzo Pitti, residência do granduque. Um grande espaço foi dedicado aos instrumentos científicos e de ligados à física experimental, que serviam a demonstrar as leis fundamentais da mecânica de Galileu e de Newton. Havia também uma ampla coleção de máquinas de física, uma parte das quais realizada pelos artesãos que eram formados pelo próprio museu.

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Nos primeiros anos de sua fundação, o museu teve um enorme sucesso. Era uma etapa obrigatória para os viajantes estrangeiros, uma verdadeira atração turística incluída em todos os guias de viagem de Florença.

Ao longo dos anos o museu foi sofrendo uma série de modificações. Em 1930 as coleções de Física e Astronomia foram transferidas para o Museu de História e Ciência, hoje Museu Galileu.  No início dos anos 80 foi instituído o “Museu de História Natural da Universidade de Florença”e o museu La Specola passou a focar somente nas coleções de zoologia e ceras anatômicas.

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Hoje em dia o museu contém uma coleção com mais de 3 milhões e meio de animais, mas dos quais apenas 5000 estão expostos ao público. É possível também observar a maior coleção anatômica do mundo e uma enorme quantidade de ossos.

 

A Tribuna de Galileu

Em 1841 foi inaugurada a Tribuna de Galileu. Ela faz parte do Museu de História Natural da Universidade de Florença e representa um dos poucos exemplos de arquitetura neoclássica em Florença.

Tribuna de Galileu, templo laico dedicado à lembrança e à celebração dos grandes cientistas.
Tribuna de Galileu, templo laico dedicado à lembrança e à celebração dos grandes cientistas.

Como o nome já diz, o lugar foi realizado em homenagem a Galileu Galilei e, na época, foi criado para receber alguns instrumentos científicos produzidos pelo gênio toscano. Os afrescos presentes na cúpula, ao invés de cenas religiosas ou passagens da Bíblia, ilustram instrumentos, descobertas científicas e os cientistas responsáveis por tais descobertas.

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As coleções de animais

Insetos, moluscos, anfíbios, peixes, répteis, mamíferos, espécies extintas ou em via de extinção… A coleção de animais empalhados do museu La Specola de Florença é interminável, um parque de diversões para os amantes da zoologia.

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No século 17 era possível encontrar um hipopótamo passeando nos Jardins de Boboli. Dizem que era o animal de estimação de Cosimo III de Medici, o qual tinha uma propensão para animais exóticos. Após a sua morte, o hipopótamo foi empalhado em modo bem mal feito e, e mais tardes exibido no Museu La Specola, onde ainda pode ser visto hoje.

O hipopótamo dos Medici é apenas uma das muitas curiosidades da coleção de La Specola, que inclui inúmeros animais empalhados de aparentemente todas as espécies, distribuídos em 24 salas.

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No museu se encontram também muitos trofeus de caça doados pela família Savoia.

 

Os modelos anatômicos em cera

Entre as coleções de maior importância e fama do museu La Specola, sem dúvida estão os modelos anatômicos em cera. São 1400 modelos realizados entre as últimas décadas do século XVIII e início do século XIX por grandes artistas da época.

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Nesta seção do museu La Specola você encontrará modelos de corpos com os órgãos internos expostos, tudo muito realista. Vasos sanguíneos, intestinos, cérebros, músculos, pulmões, enfim, a beleza do corpo humano exposto nu e cru.

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Há também modelos masculinos, fetos de cera, cabeças sem pele e outras partes do corpo individuais, todas trabalhada com uma atenção meticulosa aos detalhes.

Embora a coleção de peças anatômicas possa parecer macabra, os modelos de cera não foram projetados para provocar este tipo de sentimento nas pessoas. No século 18 eles eram usados por estudantes de medicina que não tinham acesso a corpos reais, permitindo-lhes aprender sobre os detalhes da anatomia humana. Os modelos podem provocar uma certa rejeição em muitas pessoas, mas eles são verdadeiras obras de arte – arte esta que educou várias gerações de estudantes.

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Mesmo sendo vasta, somente uma parte da coleção está exposta no museu. As salas é mantida sempre uma temperatura de 18ºC para evitar danos aos materiais com os quais foram realizados os modelos. Imaginem que algumas das figuras são tão famosas que já são conhecidas pelo próprio nome, como uma figura masculina chamada de Spellato (o sem pele).

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Lo Spellato: seus vasos sanguíneos foram criados fazendo com que a cera fosse derramada através de fios de seda. É ou não uma obra de arte?

Uma curiosidade: para criar esses maniquins que mais parecem vivos, modelava-se a argila a partir dos cadáveres de um hospital de Florença. Depois eram realizados moldes em gesso que eram preenchidos com uma mistura de ceras, resinas e colorantes, mas dos quais ainda hoje não se conhece a composição exata.

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Outras peças que podem provocar uma certa repulsão são os modelos de anatomia patológica, que representam doenças. Eles servem para ilustrar como eram as condições de saúde em Florença por volta do final do século XVIII. Não deixem de ver as chamadas “ceras da peste“, pequenas representações um pouco menos científicas, mas que mostram como eram retratados os horrores da pesta e o apodrecimento dos corpos dilapidados pelas chagas provocadas pela doença.

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As ceras da peste

 

Se além de apreciar a beleza da cidade, as obras-primas do Uffizi e da Accademia, você conhecer um pouco do que há sob a nossa pele, visite o Museu La Specola. Ele não faz parte do circuito turístico tradicional e os modelos anatômicos podem ser menos atraentes do que o Davi de Michelangelo e provocar uma certa repulsão, mas muitos argumentam que eles também são obras-primas e nos fazem refletir sobre o que há dentro de nós.

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Informações úteis

  • Horário de funcionamento: de 01/10 a 31/05, de terça a domingo e feriados, das 9h30 às 16h30; de 01/06 a 30/09, todos os dias, inclusive feriados, das 10h30 às 17h30.  O museu não abre nas seguintes datas: 01 de janeiro, 01 de maio, 15 de agosto e 25 de dezembro.
  • Ingressos: inteiro € 6,00; reduzido (crianças de 6 a 14 anos e adultos acima de 65 anos) € 3,00; Famílias (1-2 adultos com no máximo 4 crianças) € 13,00.
  • Endereço: Via Romana, 1, Florença.

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