Badia a Passignano: a história da abadia em meio aos vinhedos do Chianti

Conheça a Badia a Passignano, a história da abadia em meio aos vinhedos do Chianti da família Antinori.

Hoje vamos conhecer um outro grande monumento histórico e artístico no nosso passeio pela Toscana. Trata-se de uma Abadia beneditina dedicada a São Miguel Arcanjo localizada no pequeno burgo de Passignano. A Abadia é popularmente conhecida como Badia a Passignano e durante este passeio descobriremos um pouco da história desta construção e também de algumas pessoas envolvidas nesta grande obra do século XI.

Localizada entre as encantadoras colinas do Chianti na região Toscana, a abadia beneditina se encontra em Passignano, município de Tavarnelle Val di Pesa na província de Florença.

As principais estruturas da abadia se abrem sobre uma corte que se alcança atravessando uma via de Ciprestes. Entre as estruturas da abadia está a Igreja de São Miguel Arcanjo cuja origem é datada do XII século, porem está sobre uma estrutura inferior do século IIX. A igreja possui uma única nave em forma de cruz latina. Foi reconstruída na segunda metade do XVI século e depois reformada no início do XVIII século e na metade do XIX século.

Cercada por uma atmosfera sagrada e espiritual, a abadia reflete a presença de Florença e a forte presença da família dos Medici, que trouxeram artistas famosos para a decoração do local. Os monges que residem na abadia promoveram pesquisas científicas (Galileo Galilei desenhou esta abadia em 1587) e pela atenção e cuidado com o territorio, mantendo várias cultivações, sobretudo por meio da viticultura, que ainda é uma das principais atividades do Chianti.

A abadia foi fundada no ano 1049 por São João Gualberto (em italiano San Giovanni Gualberto) e há a forma de um complexo monástico fortificado com torres nos ângulos. Mais ou menos na metade do século XV o convento foi aumentado e foi acrescentado o claustro e o muro. A igreja do mosteiro tem interessantes pinturas de Domenico Cresti (dito o Passignano porque aqui nasce por volta do ano de 1599).

Tudo aqui é tipicamente arte renascentista florentina, intensamente apoiada e pessoalmente realizada pelos Medici. Os primeiros projetos dos Medici foram feitos por Lorenzo, o Magnífico, a clausura e o coral de madeira. Mais tarde, Cosimo I de Medici encomendou mais pinturas.

Em outubro de 1810, a congregação de Vallombrosa foi suspendida e a abadia foi fechada. Em dezembro de 1825 a comunidade foi novamente estabelecida, mas foi ainda suspendida no ano de 1866.  No fim do século XIX, a Abadia foi comprado pelos condes Dzieduszycki que o reestruturaram profundamente, transformando-o no seu castelo.

Posteriormente, a Abadia se torna propriedade do governo italiano, e os monges ficaram tomando conta da igreja paroquial. Em outubro de 1870 a Badia a Passignano foi colocada em leilão pelo governo italiano.

Foi comprada pelo Marquês Antinori, família conhecida mundialmente pelos seus vinhos. Os Antinori decidiram devolver a Abadia sem nenhum custo à ordem beneditina, porem mantendo para si todas as terras ao redor, para produção de seu vinho (falo mais abaixo sobre o vinho). Então em outubro de 1986 novamente os monges beneditinos de Vallombrosa reentraram em possesso da Badia a Passignano.

A visita ao interno da Abadia:

Depois de visitar a Igreja, é possível ainda visitar o interno da Abadia com o refeitório, a cozinha e a sala capitular que se abre ao claustro, e o jardim.

Primeiro si visita a sala capitular, e  depois a cozinha que ainda é no estilo medieval.

Depois a visita vai ao refeitório. Aqui se conhece um pouco da história da restauração.

A “Friends of Florence”, uma fundação sem fins lucrativos fundada em 1998 nos Estados Unidos, patrocinou a conclusão da restauração do refeitório da abadia. A refinada Última Ceia teve importância especial na restauração com afrescos de Domenico Ghirlandaio (1476-77).

A sala do refeitório foi realizada no período de máximo esplendor do mosteiro durante o governo de dois abades de grande prestígio, personalidade e poder (Francesco Altoviti entre 1440-1445 e Isidoro del Sera entre 1455-1485), o complexo teve uma radical transformação com os trabalhos sob a direção do “Maestro di Murare” Jacopo di Stefano Rosselli. No âmbito da segunda fase destes trabalhos foi realizado também o novo refeitório dos monges, uma sala que se desenvolve num lado do claustro.

Foi o abade del Sera que encarregou em 1476, Domenico de Ghirlandaio de realizar o afresco da Última Ceia, sobre o qual foram pintadas poucos anos antes, em 1474 por Bernardo Rosselli, duas cenas que representam a expulsão de Adão e Eva do Paraíso terrestre e Cain que mata Abel.

Quando a Abadia foi comprada pelos condes Dzieduszycki que o reestruturaram profundamente, transformando-o no seu castelo. Entre os trabalhos de reforma, o refeitório foi transformado num verdadeiro salão de recepção. Enriquecido por volta do ano 1890 por uma grande lareira essa foi colocada em comunicação com o claustro. A inteira sala foi decorada com requadros geométricos e cristas do XIII século, que a transformaram num ambiente sugestivo.

Infelizmente nesta ocasião o afresco de Domenico Ghirlandaio foi objeto de pesada pintura que escondeu numerosos particulares fundamentais para compreender a altíssima qualidade da obra. Durante esta restauração do “Friends of Florence” em 2002, além de liberar a parede de fundo desta repintura, foram redescobertas abaixo das decorações do século XIX que interessavam as outras três paredes da sala, ulteriores pinturas e afrescos (bem documentados nos arquivos) realizados por Benedetto e Cesare Veli em 1598, representando santos e beatos vallombrosanos. A redescoberta levou assim a decisão de eliminar as transformações do tardo século XVIII e retornar a sala a sua decoração e estilo dos séculos XIV-XV.

Atualmente o ambiente se apresenta novamente visitável (assim como é a igreja e os outros ambientes artísticos do complexo), junto com os afrescos de Bernardo Rosselli e Domenico Ghirlandaio.

Por último, visitamos ainda o jardim, enorme, cheio de frutas, flores, e um horto.

No pequeno burgo há ainda a Igreja Paroquial de San Biagio, decorada com afrescos do  XV século.

Dica: perto de Badia a Passignano, em meios aos vinhedos se encontra ainda a Cappella dei Pesci, uma capelinha bem pequena realizada em 1510, imperdível!

Veja mais fotos do local no final do texto.

A vinícola dos Antinori

As terras ao redor da Badia a Passignano pertencem ao Marquês Antinori e são parte de uma de suas vinícolas, a Badia a Passignano (tem o mesmo nome da abadia). A visita à vinícola é com horário restrito, e o Passeios na Toscana pode leva-los com ainda almoço na Osteria a Passignano (1 estrela Michelin) dentro do passeio Chianti Vip, saiba mais aqui.

A Osteria a Passignano será objeto de um texto, que colocarei online nos próximos dias, aguarde! É um ótimo restaurante próximo à abadia.

Como ir:

– Somente de carro: Pegar a autoestrada Firenze-Siena, saída Tavernelle Val Di Pesa. Continuar até a Badia a Passignano em 5km da saída.

Badia a Passignano

  • Endereço: Strada di Badia, 29  – Badia a Passignano FI.
  • o burgo de Badia a Passignano pode ser visitado livremente, porem a Igreja e o Monastério somente nos horários especificados. As partes do mosteiro que podem ser visitadas são a igreja, o refeitório, a cozinha e a sala capitular que se abre ao claustro.
  • Visitar o completo da Abadia: liguem antes para 055 8071171. Os horários das visitas dependem da disponibilidade dos padres e da época do ano. Como muda muito não tenho como colocar aqui.  Ainda, na porta da Abadia fica pregado um cartaz com os horários disponíveis. Sempre fim de semana. Na alta estação (verão), há também horários disponíveis durante a semana.
  • A visita é gratuita, em italiano, pelos padres.
  • Informações turísticas da cidade de Tavernelle Val Di Pesa  – Tel/fax 055.8077832

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