O “gnomone”, o relógio de sol do Duomo de Florença que marca o início do solstício, evento imperdível aos curiosos e que acontece todos os anos! 

Duomo

Ao longo dos séculos o homem foi desenvolvendo ferramentas para medir a passagem do tempo, usando o sol e outras estrelas, e em Florença temos uma dessas ferramentas verdadeiramente especial, a própria a Cúpula do Duomo, feita por Brunelleschi. É isso mesmo! A Cúpula é um grande e preciso relógio que marca a transição da primavera para o verão com seu “gnomone“.

afresco da cupula da catedral

O que é um “gnomone” e como funciona?

O “gnomone” (vem do grego “indicador”) é um pólo, uma coluna, um obelisco, um marcador cuja sombra pode medir a posição do sol no céu. O gnomone, na sua simplicidade tecnológica, é certamente o mais antigo instrumento astronômico com o qual foi possível estudar o movimento aparente do sol.

O “gnomone” da catedral de Florença é o instrumento astronômico que mede o tempo, usado para iluminar uma placa de mármore no chão no dia de solstício de verão. Todo dia 21 de junho é comemorado o solstício de verão, que marca o final da primavera dando a todo o hemisfério norte o dia mais longo do ano.

Há 90 metros de altura na janela do lado sul de tambor da Cúpula se encontra uma pequena tábua de bronze (la bronzina) contendo uma abertura central de alguns centímetros. Do final de maio até o final de julho, por alguns minutos antes e depois do meio-dia, os raios do sol penetram no buraco e batem no chão do Duomo, em particular no lado da Capela da Cruz, à esquerda do altar-mor, onde há uma linha de meridiana graduada e duas bolinhas circulares, uma dentro da outra, que funcionam como marcadores do solstício.

O maior deles, de cerca de 90 cm, há a mesma imagem solar do tamanho no dia do solstício de verão, que é dia 21 de junho. O “gnomone” da Catedral de Florença foi concebido pelo matemático Paolo Dal Pozzo Toscanelli em 1475 e desde então marca a passagem do tempo.

Após a morte do matemático, que era empenhado em estudar a constância elíptica do sol no tempo, ou seja, em termos modernos, determinar que se a inclinação do asse da Terra, sob o plano orbital é constante, o “gnomone” acabou caindo em desuso. Somente em 1754 se voltou a reutilizar as observações astronômicas da cúpula, graças à Leonardo Ximenes, que traçou uma linha meridiana com o qual é possível apreciar as variações de alturas do sol.

Em 1859, a tábua de bronze (la bronzina) foi removida durante o trabalho de renovação e reposicionada em 1865. Nos primeiros anos de século XX o “gnomone” da Catedral também foi usado para testar a estabilidade do edifício, mostrando que a grande cúpula está sujeita a pequenas oscilações de natureza térmica. Desde 1997, o sétimo centenário da colocação da primeira pedra de Santa Maria del Fiore, a cada ano se celebra as observações do solstício, que foram incluídos no âmbito da oferta cultural da Opera del Duomo, em Florença.

Imagem: Toscanaoggi.it

Como poder vê-lo em ação?

O evento ocorrerá das 12:30 às 13:30 e ocorrerá mesmo em condições de tempo nublado, nos seguintes dias:

– quinta-feira, 7 de junho
– terça-feira 12 de junho
– terça-feira, 19 de junho (apenas em inglês)
– quinta-feira, 21 de junho

O evento é promovido pela Ópera de S. Maria del Fiore, com a coordenação científica do Comitê de Divulgação da Astronomia, do Museu e Instituto de História da Ciência e do Departamento de Astronomia e Ciência Espacial da Universidade de Florença.

È gratuito, porém é necessária a reserva via email a [email protected] com lugares limitados. Acesso pela Porta dei Canonici.

Leia ainda o texto sobre a construção da cúpula do Duomo de Florença: A obra prima da arquitetura Renascentista: a cúpula do Duomo de Florença

 

Você sabia que há outras igrejas com um “gnomone” em Florença?

Pois se não conseguir assistir no Duomo, ainda é possível assistir a passagem do tempo também em outra igreja, a Basílica de San Miniato al Monte.

Foi redescoberta a função solar, astronômica e simbólica do grande zodíaco de mármore de San Miniato al Monte somente após 800 anos. Executado em 1207, no modelo do quase idêntico do Batistério de Florença (hoje não mais em função), o zodíaco de San Miniato é iluminado exatamente no signo de Câncer por alguns dias e por alguns minutos no Solstício de verão.

Às 13:53 dos dias 20, 21 e 22 de junho de 2018, perto do meio-dia solar, um raio de sol iluminará o signo de Câncer anunciando o Solstício de Verão, um evento astronômico que coincide com a festa do santo padroeiro de Florença, San João Batista (24 de junho).

O evento será apresentado por Simone Bartolini, autora do livro The Doors of Heaven. Caminhos de luz nas igrejas românicas da Toscana, Polistampa, 2017. Para participar, é gratuito, porém é necessário cadastrar-se neste site de eventos e imprimir o ingresso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ainda temos a Basílica de Santa Maria Novella que possui outros instrumentos de medição do tempo, que eu contei neste texto aqui : Curiosidades de Florença: praça de Santa Maria Novella e a sua Basílica

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