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No dia 10 de dezembro se comemora a publicação de “O Príncipe” de Maquiavel em Florença, saiba o porque lendo o texto.

Quem foi Maquiavel?

É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.

Eu estudei Maquiavel na faculdade, nas aulas de Ciência Política, suas teorias podem ser usadas até hoje. Foi um grande para a sua época, nasceu em Florença em 1469, entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra.

Em 7 de novembro de 1512, Maquiavel foi demitido sob a acusação de ser um dos responsáveis por uma política contra os Médici e grande colaborador do governo anterior. Foi multado em mil florins de ouro e proibido de se retirar da Toscana durante um ano.

Para piorar sua situação, no ano seguinte dois jovens, Agostino Capponi e Pietropolo Boscoli, foram presos e acusados de conspirarem contra o governo. Um deles contou o nome dos adeptos do movimento republicano, entre os quais estava Maquiavel, que foi preso e torturado, passou 22 anos na prisão, e somente foi liberado com a ascensão de Papa Leão X, que deu a anistia aos presos.

Quando libertado, foi viver em Sant’Andrea, na cidade de San Casciano dei Bagni, província de Florença, e durante esse ostracismo e inatividade, que durou até a sua morte, que ele escreveu suas obras mais conhecidas: “O Príncipe“e os “Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio“.

Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente.

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A HISTÓRIO DE “O PRINCIPE” FAZ PARTE DA HISTÓRIA DA TOSCANA

Nicolau Maquiavel escreveu o  “O príncipe” entre 1513 e 1516 durante o seu exílio de Florença.
A obra se propõe a tratar do problema do poder, mais especificamente, de como alcançá-lo e de como mantê-lo.
Maquiavel resolve utilizar toda a sua experiência de homem de Estado, e assim, após ser libertado da prisão, pela qual foi provado por 22 anos, resolve compilar todo o seu conhecimento sobre o assunto nesta pequena mas valiosíssima obra, a qual tem sido lida por chefes de Estado e homens de poder de todos os tempos desde então.

A presente obra é um livro de orientação prática de algumas ações políticas que um “Príncipe” deveria fazer para conquistar e se manter no poder. O livro tem 26 Capítulos.

Maquiavel, Nicolau dedica sua obra a Lorenzo de Medici (Lorenzino), neto de Lorenzo o Magnífico. Quando Maquiavel foi apresentar Il Principe a ele em 1515, este o acolheu com frieza.

Diz na dedicatória:

“Embora julgue este trabalho indigno de vossa presença, ainda assim confio que, por vossa humanidade, possa ser aceito, considerando que eu não vos poderia fazer melhor presente que vos dar a faculdade de entender em muito pouco tempo o que aprendi e compreendi em muitos anos, com tantas provações e perigos para mim mesmo.”

O motivo que levou Maquiavel a dedicar o livro a Lorenzo é mostrado no último capitulo da obra, onde ele deixa explícito que seu desejo é que Lorenzo de Medici se torne o soberano da Itália daqueles tempos, deixando claro também o principal motivo de ter escrito O Príncipe, para que se torne um manual para que Lorenzo de Medici reine com êxito na Itália:

“Não se deve, portanto deixar que se perca esta oportunidade; a Itália, depois de tanto tempo, precisa encontrar seu libertador.”

“Que vossa ilustre família possa, portanto, assumir esta tarefa com a coragem e as esperanças inspiradas por uma causa justa, de forma que, sob sua bandeira, nossa pátria volte a se levantar […]”

Um dos principais temas apresentados por Maquiavel é a separação entre Ética e Política. Daí talvez a razão do termo “maquiavélico” ter atingido hoje a presente conotação entre os não-especialistas.
Maquiavel não seu preocupa com o ser “bom”, mas com o “parecer bom” e com aquilo que “funciona”. De fato, quando investigando sobre se o príncipe deve cumprir seus compromissos e honrar suas palavras, ele afirma que:

“…um príncipe sagaz não deve cumprir seus compromissos, quando isso não estiver de acordo com seus interesses e quando as causas que o levaram a comprometer sua palavra não existam mais. (MAQUIAVEL, p. 173)”

E ainda: “…é necessário que um príncipe saiba muito bem disfarçar sua índole e ser um grande hipócrita e dissimulador…” (p. 174), pois “…os seres humanos, de uma maneira geral, julgam mais pelo que vêem e ouvem do que pelo que sentem. Todos vêem o que pareces ser, mas poucos realmente sentem o que és.” (Ibid., p. 176)
De fato, “…as pessoas comuns são sempre levadas pelas aparências e pelos resultados e é a massa vulgar que constitui o mundo.” (Ibid., p. 176)
Assim, a sua obra, que às vezes nos lembra um “manual prático”, é pautada por aquilo que objetivamente “funciona” para alcançar e manter o poder, no mundo como ele é agora, e não como “deveria ser”.
Nos últimos capítulos do seu livro, apreende-se que seu objetivo a curto prazo era contribuir para a unificação e libertação da Itália, já que os primeiros Estados modernos já começavam a aparecer pela Europa, enquanto que a Itália ainda se encontrava fragmentada e em conflitos.

O  LIVRO:
Para leitura da obra na internet, clique aqui.
Para ouvir o audiolivro da obra, clique aqui.
Uma boa análise das estratégias da obra você encontra aqui.

COMEMORAÇÃO NA TOSCANA:

No dia 10 de dezembro, o Palazzo Vecchio em Florença, acontece a celebração do 5º Centenário do livro “O Príncipe” de Maquiavel, o Machiaveli em italiano. O evento ocorrerá ao interno do Palácio, no Salone dei Cinquecenti, as 09:15, com a presença do Prefeito da cidade (sindaco), e a conferencia do Prof. Adriano Prosperi: “Rileggere Machiavelli oggi” (reler Maquiavél hoje). As 12 se terá a abertura da exposição “La via del Principe”, (a rua do Príncipe) no Salone dei Duecento.

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