Conheça a história do Batistério de Florença e seus mosaicos incríveis. Ele é importante na história da arte ainda pelas portas que marcaram o início do renascimento fiorentino.

 

Hoje no nosso passeio pela Toscana vamos conhecer  um dos monumentos mais importantes de Florença, o Batistério de São João (Battistero di San Giovanni) fica na Piazza Duomo, ao lado da Catedral de Santa Maria del Fiore. Muitos turistas, do lado de fora do Batistério, se encantam com as famosas portas, sobretudo a famosa porta dourada “do Paraíso”, porém, o interno do Batistério é também um espetáculo à parte!

História

O monumento mais antigo da Piazza del Duomo, está bem na frente da fachada da Catedral de Florença, é o Batistério de San Giovanni. As origens deste monumento são incertas. Um primeiro edifício foi construído no século V ou VI, já como um batistério e deveria ser octogonal como o atual.

Em meados do século XI, o Batistério foi reconstruído e enriquecida com mármore, alguns dos quais vieram de edifícios antigos. Nos séculos XII e XIII foi adicionado a cúpula e a abside retangular. Em 1128 começa a ser usado oficialmente como batistério da cidade.

O batistério que tem o nome do santo padroeiro da cidade e é caracterizado por ter uma estrutura octagonal. O externo do edifício é decorado com mármores brancos de Carrara e mármore verde de Prato, característico da arquitetura românica florentina.

Porta sul

As portas e as esculturas

Três dos oito lados se abrem com três grandes portas que são famosas pelas suas decorações, realizadas entre os séculos XIV e XVI. São três portas de bronze muito bonitas e grupos de mármore e bronze sobre elas, e que ilustram histórias bíblicas.

A porta mais antiga, realizada em 1330 é a Porta Sul (em direção a via del Calzaiuoli) realizada por Andrea Pisano. As portas tem 28 enquadros que narram o episódio da vida de João Batista.

porta norte

A Porta Norte, realizada por Lorenzo Ghilberti entre 1403 e 1424, narra as histórias da vida e da paixão de Cristo inspirados do Novo testamento.

Curiosidade: ao início do século XV a arte de Calimala  – corporação dos mercantes de tecido de lã – financiou os trabalhos da construção da porta promovendo um concurso público do qual participaram artistas famosos entre os quais Ghilberti e Brunelleschi. Cada concorrente devia apresentar uma ideia que representava o sacrifício de Isaac, enquadrado numa parte usando a menor quantidade possível de bronze. Ghilberti apresentou uma obra  muito composta e equilibrada, fruto de uma única fusão e com um estudo atento dos particulares derivantes da sua formação. Uma outra proposta totalmente diferente desde o ponto de vista compositivo e técnico foi o trabalho de Brunelleschi. Brunelleschi esculpiu o jovem Isaac que se contorce dramaticamente e os personagens parecem sair dos limites impostos do enquadramento num novo espaço que antecede a técnica da perspectiva do próprio Filippo Brunelleschi. A data do concurso é colocada na história da arte, como início do Renascimento Fiorentino, exatamente por este “revolucionário” estilo proposto por Brunelleschi.


Lorenzo Ghiberti, Sacrificio di Isacco, 1401,Bargelo –  Filippo Brunelleschi, Sacrificio di Isacco, 1401, Bargelo

 

Mas a porta mais bonita é, sem dúvida, a porta leste, de frente da fachada do Duomo, que foi feita por Lorenzo Ghiberti entre 1425 e 1450 com cenas do Antigo Testamento e foi nomeado por Michelangelo a “Porta do Paraíso“, o painéis atuais são cópias, os originais estão expostos no Museu dell’Opera del Duomo.

Curiosidade: a porta é dividida em 10 amplas molduras retangulares, dispostas sobre duas filas que representam cenas do Antigo Testamento, como já disse acima, mas cada quadrado, Ghilberti reuniu mais cenas chegando a ter mais de 50 episódios. Ainda, nas molduras estão presentes 24 pequenos bustos representando homens ilustres de Florença entre os quais um autoretrato de Ghilberti. Você consegue descobrir qual é?

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Acima das três portas foram colocados três diferentes grupos de escultores: sobre a Porta Sul fica a famosa Decollazione di San Giovanni de Vincenzo Danti restaurada em 2008. Sobre a Porta Norte o grupo de Giovanni Francesco Rustici com a Pregação do Batista (1504-1509). Sobre a porta do Paraíso está o Batismo de Jesus de Andrea Sansovino (1502) com um anjo acrescentado por Innocenzo Spinazzi em 1792.

Curiosidade: Na porta ao norte, que possui a escultura do Rustici, o artista mostrou a sua apreciação pelos efeitos mais suaves e pelo claro-escuro derivados de seu mestre, Leonardo da Vinci. Repare o dedo apontando para cima do Batista. Muito precido com o São João Batista do Louvre!

As estátuas originais e as portas originais são todas conservadas no Museo dell’Opera del Duomo, que eu ja escrevi sobre ele AQUI.

Ao interno do Batistério se pode admirar o esplêndido mosaico do século XIII que cobre toda a cúpula, o piso trabalhado em mármore com temas geométricos e signos zoodicais. Também se pode observar o monumento fúnebre dedicado a Baldassarre Cossa – o chamando anti Papa Júlio XXIII – realizado por Donatello  e Michelozzo entre 1422 e 1428.

Dentro se vê uma mistura de estilos das grandes culturas da Europa medieval, a cúpula e as suas decorações lembram de modo impressionante o Pantheon de Roma, enquanto o piso em parte com temas zoodiacais lembra a arte islâmica e nas paredes a arte alemã. Os mosaicos apresentam um estilo bizantino.

O mosaico

A cúpula do Batistério tem oito faixas, que são cobertas por um mosaico em um fundo dourado. Todo o trabalho de decoração da cúpula foi longa e árdua, e durou de 1270 até o início de 1300 e que contou com artistas importantes locais como Cimabue, Coppo di Marcovaldo e Meliore.

Na parte superior estão representadas as hierarquias angélicas.

Em três faixas estão representadas o Juízo Final , dominado pela grande figura de Cristo,  sob os seus pés, os mortos que ressurgem,  à sua direita os justos recebidos no céu por Abraão, Isaac e Jacó, e à esquerda o inferno com seus demônios.

Na parte baixa dos outras cinco faixas da cúpula, temos as histórias da Gênesis, de José, de Maria e de Cristo e as histórias de São João Batista.

Lembre-se que dentro do Batistério eram originalmente colocadas outras grandes obras de arte, tais como a Madalena de Donatello (minha escultura preferida) e o altar de prata, agora visível no Museo dell’Opera del Duomo, por razões de conservação.

Informações:
Horário de abertura: o horário de funcionamento para este monumento pode, a qualquer momento, ser sujeito à alterações por causa de restauração, limpeza, e eventos especiais, por isso, indico SEMPRE de consultar o site oficial. Em geral, abre de segunda à sábado 08:15-10:15 / 11:15-19:30, e domingos de 08:15-13:30
Acesso consentito até 30 minuto antes de fechar. O Batistério fecha no dia 1º de janeiro, Páscoa e Natal.
Custo do bilhete: 15 €. Não há bilhete somente para o Batistério, tem que comprar tudo junto!
O custo do bilhete inclui:
– Museu da Catedral – Museo dell’Opera di Santa Maria dei Fiore.
– Cúpula do Duomo – Cupola del Brunelleschi
– Torre do sino – Campanile del Giotto
– Batistério de San Giovanni.
– Restos da Igreja de Santa Reparata

*as fotos sem logo são do wikipedia commons

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