Você sabia que Napoleão Bonaparte se exilou na Ilha de Elba, na Toscana? Conheça a história deste personagem ligado à Ilha.

 

A ilha de Elba, conhecida pela sua beleza e pelas suas praias, também foi casa de um dos personagens mais controversos da Europa. Além do mar cristalino, das cores da sua natureza e da riqueza do seus minerais, a ilha de Elba é muito conhecida em todo o mundo porque hospedou um ilustre personagem, Napoleão Bonaparte.

Depois da desastrosa batalha de Lipsia e seguido do tratado de Fontainbleu, Napoleão, que antes era o Imperador de quase toda a Europa, foi  forçado a abdicar do trono da França e aceitar um outro império: a ilha de Elba.

Ao contrário de quanto muitos pensam, Napoleão não foi um prisioneiro em Elba: Ele escolheu a ilha de Elba para o seu exílio e levando a ilha mais inovações que qualquer outro governo anterior. Pela primeira vez depois de séculos, a ilha de Elba era unida sob uma única bandeira (foi o único momento em que era unida: ainda hoje a administração è subdividida em 8 municípios) e pela primeira vez depois de uma vida feita de batalhas, Napoleão foi obrigado a parar e governar um território que o recordaria para sempre.

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Neste itinerário histórico é possível reviver brevemente os 10 meses da permanência de Napoleão em Elba recorrendo os lugares simbólicos do seu exílio, aqueles menos conhecidos da sua vida privada e algumas histórias e anedotas.

O período de exílio de Napoleão na ilha durou apenas nove meses, terminou em 26 de fevereiro de 1815.

Em 2014 a ilha de Elba celebrou o bicentenário do exílio de Napoleão Bonaparte na ilha com muitos eventos e reevocações históricas que se repetem desde então, todos os anos, e eu participei de uma delas…

A celebração do Bicentenário foi um pretexto útil para redescobrir “os locais de Napoleão” ou seja, as residências e os locais mais caros para Napoleão, em que também foram organizados eventos especiais e exposições.

Por esta razão, se você estiver planejando umas férias na ilha de Elba, a menos que você quer passar o dia todo apenas na praia,(que não é uma má idéia, porque o mar é maravilhoso), eu recomendo ir por este itinerário histórico de Napoleão e visitar pelo menos alguns dos lugares queridos ao Imperador.

Índice

A chegada em Elba

Não foi dada muita escolha à Napoleão para o seu exílio, as opções eram duas: ou Elba, ou Corfù, mas o Imperador escolheu Elba.

Ao anúncio da eminente chegada do imperador Napoleão, todos os habitantes de Portoferraio entraram em grande confusão. A população, o comando militar, a vice prefeitura, as autoridades e personalidades eram entusiasmadas. Um vastíssimo programa de festas foi ideado mas não foi possível de ser realizado.

Napoleão chegou no porto de Portoferraio no dia 3 de maio de 1814 na fragata “Undaunted” mas, como não tinha certeza de como seria recebido desembarcou somente no dia seguinte em modo privado nos armazéns e depois oficialmente no Molo Elba. Isso foi no dia 4 de maio às 15:30.

Entre o entusiasmo da multidão, o “maire Traditi” lhe entregou as chaves da cidade que por falta da verdadeira chave,  se diz que em honra desta, foi entregue uma de cantão dourado com a purpurina!!!

A Villa dei Mulini – residência oficial

A primeira noite de Napoleão na ilha não foi das melhores: a modesta residência que lhe foi dada (Palácio Municipal) e o barulho da cidade em festa fez com que o Imperador buscasse imediatamente uma outra residência mais tranquila e minimamente digna do seu nome.

Depois de uma exaustiva busca na cidade de Cosmopoli (nome que Cosimo de’ Medici tinha dado a Portoferraio), Napoleão encontrou uma residência perfeita para ele: a Palazzina dei Mulini. Trata-se de um pequeno palácio que se encontra onde tinha dois moinhos de vento (daí vem o nome), entre o Forte Falcone e o Forte della Stella sobre o penhasco.

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A sua localização estratégica permitia uma ampla vista sobre o mar, podendo assim monitorar o embarque e desembarques de barcos na baía.  Napoleão seguiu pessoalmente a renovação da villa, ele ordenou a inclusão do piso superior, planejou a renovação do vizinho teatro e supervisionou a escolha dos artigos de decoração, que, infelizmente, foram perdidos.

Particularmente bonito são os apartamentos de Paolina Bonaparte, onde o amarelo predomina sobre as outras cores, o “salone dell’imperatore“, sala de jantar e o “Grand Salon delle feste“, e os afrescos de Rivelli (o mesmo autor do Teatro dei Vigilanti e da Villa San Martino), artefatos originais do período de Napoleão em Elba ao contrário do mobiliário, que é de estilo império do século XIX.

Napoleão e a organização de Elba

Napoleão logo depois da sua chegada, começou a dar ordens sobre a organização da marinha e convocou todas as pessoas da administração que podeiam informa-lo sobre o estado da administração da ilha, da alfândega e da administração sanitária e marítima. Portaferraio mudou o seu aspecto e ali se construiu um canal subterrâneo para evitar os alagamentos nas estradas, alargaram as ruas para poder passar a carruagem imperial derrubando até mesmo muros quando era necessário.

A intensa atividade de Bonaparte se refere a organização militar, econômica e social. Dedicou grande atenção ao melhoramento do sistema viário para oferecer ligações entre eles as várias cidades da ilha, melhorou a higiene pública, exigindo aos proprietários das casas sem latrina de provê-las num prazo de 2 meses. Reestruturou o Palazzo dei Mulini e a Villa di San Martino que eram as suas 2 residências oficiais.

Nos 9 meses do exílio, Elba se adaptou a Napoleão e transformou aquela vida pacata da ilha conforme as exigências de melhoramento organizativo, social e econômico impostos pelo soberano. Napoleão levou a cabo todas estas transformações até chegar o momento favorável de retornar a França.

A Villa di San Martino

Durante uma das cavalgadas que amava fazer diariamente, Napoleão chegou na vallata di San Martino onde os ricos bosques, os vinhedos e um casebre de onde se podia ver todo o golfo de Portoferraio o local o conquistou tanto ao ponto de decidir fazer ali, naquele lugar, a sua residência de verão, o seu ninho de amor. Pediu um empréstimo a sua irmã Paolina, que para satisfazer o desejo de Napoleão, vendeu algumas das suas esplendidas jóias.

A Villa virou residência de verão de Napoleão e fica na zona rural, cerca de 5 km de Portoferraio. A arquitetura neoclássica majestosa que acolhe o visitante se deve ao conte Anatolio Demidoff, marido da sobrinha de Napoleone Matilde di Monfort, que em 1851 queria construir um ambiente digno da era imperial, para abrigar sua coleção de memorabilia napoleônicas.

A Galeria Demidoff está no debaixo da residência original e dentro dela poderá admirar o original da estátua Galatea, que acredita-se que foi esculpido por Canova, tendo como modelo Paolina Borghese, e destinado a embelezar os jardins da Palazzina dei Mulini.

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A arquitetura exterior sóbria, é embelezada no interior com dois andares de salas e salões personalizados por Bargigli e afrescos pelo Torinese, Vincenzo Antonio Revelli.

Destacam-se, no segundo andar, a sala egípcia, onde uma piscina octagonal possui plantas de papiro e as paredes são um “trompe l’oeil” da paisagem egípcia, e ainda a “sala del nodo di amore”, destinado à sala de jantar e cujo o afresco no teto simboliza o amor entre Napoleão e Maria Luisa, simbolizado por dois pombos à distância, apertando o nó de amor.

Os amores

Napoleão mandou arrumar imediatamente a casa Vantini que fica na Via Ferrandini, perto da Villa dei Mulini para acolher a chegada de sua mãe.Conta-se que o amor e a devoção de Napoleão com sua mãe era tão grande que a queria sempre perto da sua residência.

Napoleão não ficou muito tempo sozinho. Ainda que Maria Luisa, sua mulher, nunca tenha vindo à ilha de Elba, o seu coração foi preenchido com a chegada da sua afascinante amante polonesa, Maria Waleska.

No dia primeiro de setembro de 1814, Maria Waleska, acompanhada do seu irmão e da sua irmã chegou a ilha de Elba com o filho do Imperador, o pequeno Alessandro. Napoleão a conduziu num lugar que ele adorava ficar e que por sinal era muito escondido, a Madonna del Monte, onde amava passar as suas horas de descanso e inspiração.

Dois dias depois Bonaparte a fez reembarcar com pressa e escondida a França com uma tempestade memorável quem sabe para evitar que chegasse a notícia a sua esposa.

Santuario della Madonna del Monte

O Santuário está localizado em Marciana, nas encostas do Monte Giove, e é o mais antigo da ilha. Você pode chegar ao santuário por um caminho cênico através dos bosques, que começa a partir da cidade de Marciana, mas você deve estar preparado para uma caminhada de 40-60 minutos na colina, seu esforço será recompensado com as belas vistas ao longo do caminho.

Aqui Napoleão refugiou-se por alguns dias, dormindo em uma barraca, à procura de paz, e não é difícil de compreende-lo olhando o teatro de frente à igreja do século XVI, ou o “Mostri di Pietra”, as formações rochosas que possuem as formas mais estranhas e impensáveis e que estão espalhadas pela região.

Aqui Napoleão se encontrava secretamente (mas não muito) a sua amante polonês. A chegada condessa Maria Walewska, na noite de 01 de setembro de 1815, e permaneceu na empresa amado por dois dias e duas noites.

Paolina e suas festas

A terceira mulher que alegrou os 300 dias de Napoleão em Elba foi Paolina Borghese, sua irmã. Paolina animou a vida social elbana levando damas de honra, alfaiates, grandes coquetéis, bailes de máscaras e festas parisenses na nova pequena corte. Encheu de flores e pássaros a Palazzina dei Mulini originariamente destinada a Maria Luisa em base aos seus caprichos.  Inesquecível foram os bailes organizados no Vigilanti, um pequeno teatro que Napoleão construiu de uma igreja desconsagrada. Maior ainda foi a festa que Paolina ofereceu a sociedade na tarde antes da partida de Napoleão.

Teatro dei Vigilante

foto: http://www.elbaguida.com/images/teatro-vigilanti.jpg

O Teatro dei Vigilanti está localizado em Portoferraio e foi construído por iniciativa de Napoleão. Desta forma, ele deu à ilha o seu primeiro teatro real, transformando a antiga Igreja do Carmine. Ele ainda está ativo, e a cada ano apresenta um rico programa de eventos. A peça mais valiosa é a cortina pintada pelo artista Paolo Ravelli (que chegou na ilha, juntamente com o Napoleão) que representa Napoleão na versão apolínea, situado num cenário rural, com ovelhas e vacas, montanhas rochosas e cachoeiras.

Napoleão abandona Elba

Sobre a partida de Napoleão se contam várias histórias, muitas delas que tem como fundo a noite da festa do baile, uma “Masquerade”, durante a qual se conta que Napoleão escorregou da escada da Palazzina dei Mulini. Na verdade o Imperador não fugiu, pois durante muitos dias se preparou para a partida, o barco L’inconstant estava já organizado, preparado com mantimentos.

A decisão de deixar a ilha foi determinada pelo próprio Comissário inglês Sir Neil Campbell, depois das decisões estabelecidas pelo Tratado de Fontainebleau, Napoleão estava ciente dos rumores sobre sua possível exílio para uma ilha remota no Oceano Atlântico, em seguida, escapou de Elba em 26 de Fevereiro 1815 e foi para a França.

Depois que Napoleão deixou a ilha de Elba, ocorre a batalha de Waterloo, e seu exílio em Santa Helena, a sua doença e posteriormente a sua morte.

Napoleão morre no di 5 de maio de 1821. No dia 5 de maio de cada ano, na igreja da Reverenda Misiericórida di Portoferraio, se celebra uma missa em sufrágio de Napoleão, e durante todo o mês se lembra dos acontecimentos históricos, se faz conferências e  se organiza eventos celebrativos recordando a soberania de Napoleão na ilha de Elba.

Igreja da Misericórdia e Museu das relíquias de Napoleão

A igreja (Chiesa della Misericordia) está localizada em Portoferraio, e aqui todos os anos em 5 de Maio é celebrado uma missa em honra de Napoleão.

Ao lado da Igreja da Misericórdia fica o Museo dei Cimeli di Napoleone. você pode visitar o Museu que contemos relíquias de Napoleão (o bilhete custa apenas 1 euro). O museu, entre outras coisas, mostra um bronze fundido da cabeça e mão de Napoleão e reprodução do sarcófago no qual repousam os restos do imperador.

Pinacoteca Foresiana del Centro Culturale “De Laugier”

A Pinacoteca Foresiana, situado dentro do Centro Culturale De Laugier em Portoferraio, tem uma sala inteira dedicada a Napoleão. Aqui, é possível ver uma cópia do retrato de Napoleão, alguns livros doados por ele para a cidade e outros objetos da era napoleônica.

que formou a biblioteca pessoal de Napoleão, e mais tarde doado para a Comunidade de Portoferraio. A coleção foi criada em um curto espaço de tempo por ele mesmo, adicionando aos cerca de 200 volumes retirados das bibliotecas de Fontainbleau (o lugar onde o tratado foi assinado após a derrota de Leipzig que o exilava em Elba), entre outras obras enviadas a ele pelo tio cardeal ou comprados em Livorno e outras cidades italianas.

Informações:

– Palazzina dei Mulini – Piazzale Napoleone – Portoferraio
Segunda à sábado: 8.30/18.00
Domingos e feriados: 8.30/13.00
Fechado na terça-feira; 1 janeiro; 25 dezembro
Bilhetes: €5,00*
– Villa San Martino – localidade San Martino – Portoferraio
Segunda à sábado: 8.30/19.30
Domingos e feriados: 8.30/13.30
Fechado na segunda-feira; 1° janeiro, 1° maio e 25 dezembro
Bilhetes: €5,00*
Info no site 
*Bilhetes acumulativos: inclui Villa San Martino e Palazzina dei Mulini e tem validade de 3 dias
– Teatro dei Vigilanti – Portoferraio
Endereço: Piazza Gramsci
Horário de 3 Abril à 31 de outubro
segunda à sábado: 9:00-13:00 – Fechado domingos e feriados.
0565.944024 (Cosimo dè Medici)
Ingresso: € 3,00
– INGRESSO CUMULATIVO: € 5,50
inclui: Museo Civico Archeologico, Teatro dei Vigilanti, Fortezze Medicee e é valido por 3 dias
– Santuario della Madonna del Monte – é sempre aberta
– Pinacoteca Foresiana
Salita Napoleone, 57037 Portoferraio
Horário: inverno : 9.00 – 12.00 terças e quintas . verão: 9.00 – 12.00 se segunda à sexta
–  Museo dei Cimeli di Napoleone – Reverenda Confraternita della Misericordia
endereço: Salita Napoleone – Città di Poroferraio
Tel.(+39) 0565.918785
Horário: aberto somente à reserva
ingresso: 1 euro

 

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