Museus grátis: Dia 18.02 se celebra Anna Maria Luisa De′Medici, a mulher que mudou a história de Florença

Conheça uma das histórias mais fascinantes de Florença, a história de Anna Maria Luisa De’Medici, a mulher que mudou a história de Florença.

 

Ritratto di Anna Maria Luisa de' Medici (1667-1743)
Ritratto di Anna Maria Luisa de’ Medici (1667-1743)

Florença é, para os seus habitantes e para o mundo todo, uma relíquia das artes, mas tudo isso nós podemos conhecer hoje, e em Florença, graças a uma mulher, uma fiorentina que há muitos anos atrás, não acompanhada da mentalidade e nem da realidade política da sua época, mas apenas de sua cultura, sua inteligência e, não menos importante, pelo seu imenso amor pelas artes e pela sua cidade, modificou o curso da história de Florença.

Esta mulher é Anna Maria Luisa de ‘Medici (1667-1743), a última Granduquessa da Toscana, a única filha nascida do casamento do Grão-Duque Cosimo III e Marguerite -Louise d’ Orléans, e que o destino quis que fosse a última Medici para desgosto do seu pai, pois nem ela, nem seus dois irmãos deixaram um herdeiro.

HISTÓRIA DA SUA VIDA

Ritratto di Anna Maria Luisa de' Medici (1667-1743))
Ritratto di Anna Maria Luisa de’ Medici (1667-1743))

Anna Maria Luisa quase não nasceu na verdade, pois a sua mãe, Marguerite Louise d’ Orleans, decidiu andar a cavalo durante a gravidez em uma tentativa deliberada de abortar, mas a forte Anna Maria Luisa sobreviveu. Marguerite Louise tinha muito pouco carinho por seu marido, Cosimo III de ‘Medici, e nunca perdeu uma oportunidade para manchar sua reputação. Por fim conseguiu obter um ato de separação de Cosimo e a permissão de tornar a França, quando Anna Maria Luisa ainda era jovem, deixando-a para ser criada por seu pai (que segundo contam adorava sua filha) e sua avó paterna. Quando chegou a hora de Anna Maria Luisa se casar, no entanto, ela foi rejeitada por muitos pretendentes com medo de que ela tivesse herdado a personalidade desagradável de sua mãe.

Ela finalmente se casou com um homem mais velho, Giovanni Guglielmo II di Wittelsbach-Neuburg, conhecido também como Eleitor Palatino, com quem teve um casamento feliz. Anna Maria Luisa engravidou uma vez durante o casamento, mas, infelizmente, abortou. Pensa-se que ela pode ter contraído sífilis de seu marido, que vinha lutando com a doença antes de seu casamento.

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Johann Wilhelm von Neuburg with his wife Anna Maria Luisa de’ Medici – by Jan Frans van Douven

Por sugestão de Cosimo III, Anna Maria Luisa usou suas conexões políticas para organizar o casamento de seu irmão mais novo, Gian Gastone. Infelizmente, ele foi imensamente descontente com sua noiva, Anna Maria Franziska de Saxe- Lauenburg, que  absolutamente o desprezava e o casamento não durou, Gian Gastone vivia despudoradamente  a sua homossexualidade, ao fim do casamento voltou a Florença.

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Retrato oficial de Gian Gastone Medici por Ferdinand Richter

Com dois dos três filhos sem herdeiros, as esperanças de Cosimo III foram todas para o seu filho mais velho, Ferdinando, que foi educado para sucedê-lo como Grão-duque da Toscana. Infelizmente, Ferdinando morreu antes que pudesse suceder seu pai. Seu casamento, como os de seus irmãos, também não tinha filhos.

HISTÓRIA DE PODER

Após a morte de Gian Gastone, seu irmão, Anna Maria Luisa teve a difícil tarefa de ter que transportar o Grão-Ducado da Toscana, do governo Médici para um “estrangeiro ” com a família austríaca Asburgo-Lorena.

No Governo da Toscana durante séculos, os Medici tinham recolhido milhares de operas de arte. Era o costume que o novo sucessor da família no comando de uma cidade ou de um Estado, herdar da família anterior também as coleções de arte, portanto, os Asburgo-Lorena poderiam usar como quiser as obras, envia-las a Áustria, trocar ou vender. Porém Anna Maria Luisa não permitiu que isso acontecesse.

A história da transferência de poderes dos Medicis aos Lorena e a preservação do patrimônio artístico de Florença ocupou os últimos anos da vida de Anna Maria Luisa e marcou o culminar de toda uma vida dedicada a perpetuar, por todos os meios, a glória e a memória de sua família, que no grupo de patronos de arte ostentava um lugar de honra como a própria cidade testemunhou.

Ritratto Anna Maria Luisa de Medici per Adriaen van der Werff
Ritratto Anna Maria Luisa de Medici per Adriaen van der Werff

No alvorecer do Iluminismo, para defender o patrimônio artístico de Florença, evitando a dispersão, Anna Maria Luisa decidiu usar uma nova arma, a arma da lei, a única que podia. Ela passou os últimos anos a catalogar todos os bens da sua familia e redigiu ao fim, o chamado Pacto de Familia, onde concede “aos seus sucessores os Grandes Duques todos os móveis, efeitos e raridades da sucessão do Sereníssimo Grão- Duque seu irmão, como Galerias, pinturas, estátuas, Bibliotecas, Joias e outras coisas preciosas, as relíquias sagradas, que seus sucessores Asburgo-Lorena estão empenhados em preservar, a condição expressa de que estes bens são para o ornamento do Estado, e para a utilidade pública, para atrair a curiosidade dos estrangeiros, portanto que nada seja transportado e levado para fora da capital e do Estado do Grão-Ducado.

Então, com esse Pacto Anna Maria Luisa de Médice impediu que as coleções de arte coletados pelos Medici ao longo dos séculos, fossem vendidos, mantendo a promessa de entrega-los para o novo Grão-Duque, mas com a condição de que eles permanecem ligados “para sempre” para a cidade de Florença e do Estado da Toscana, dando assim ao POVO FLORENTINO O QUE ERA SEU DE DIREITO.

 Elector Palatine Johann Wilhelm von Pfalz-Neuburg and Anna Maria Luisa de' Medici - Jan Frans van Doeven
Elector Palatine Johann Wilhelm von Pfalz-Neuburg and Anna Maria Luisa de’ Medici
– Jan Frans van Doeven

Para compreender o significado do seu grande ato, basta visitar o Uffizi ou o Palazzo Pitti, pois o que de importante produzido entre 1400 a 1740 em Florença foi adquirido pelos Medice e daqui nunca saiu, fazendo assim a cidade berço da arte e do Renascimento, digna hoje da sua visita. Ou seja, graças a ela Florença permanece como polo mundial de arte e cultura!!!

Seu amor por Florença e as artes pode ser retribuído pelos florentinos e por aqueles que, a partir de qualquer lugar do mundo, vêm para admirar a cidade mantendo assim viva a memória do último representante da dinastia Médici. Em 1743, graças à sua aliança, no dia 18 de fevereiro, dia da sua morte, ao invez de ser um dia triste ele é comemorado, pois a Anna Maria Luisa vai a gratidão de todos os amantes da arte (do meu principalmente), e de qualquer um que acredita na CULTURA, através da qual um povo pode reconhecer em si mesmo a sua própria história.

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A festa:

Por isso neste dia, 18 de fevereiro ocorre no Palazzo Vecchio, uma comemoração, uma homenagem dada a ela por um cortejo histórico da Republica Florentina as 10:20 com inicio na Piazzeta de Parte Guelfa, percorrendo as ruas do centro até a Capela dos Medici (Cappelle Medicee).

Ainda, visitas guiadas gratuitas na mesma capela e pelo Palazzo Vecchio – cujas obras públicas e privadas vivem em Florença graças a Anna Maria Luisa de ‘Medici.

É um dia dedicado à sua memória, para fazermos uma pausa e refletir sobre o legado moral de Anna Maria Luisa, que sublima em certo sentido, o legado de Florença, a sua mensagem de civilização e de cultura para o mundo.

Entrada gratuitas nos seguintes museus:

Em 18 de fevereiro, o acesso ao Palazzo Medici Riccardi é gratuito para todos, assim como em todos os museus cívicos de Florença;
– Palazzo Vecchio 9-19 e Torre 10-17 (leia sobre ele  aqui)
– Museu Novecento 11-19 horas (leia sobre ele  aqui)
– Santa Maria Novella das 9 às 17h30 (leia sobre ele  aqui)
– Palazzo Medici Riccardi 9-19 horas
–  Capelas Médici também estarão abertas gratuitamente, das 8h15 às 13h50 (última entrada às 13h20). (leia sobre ela  aqui)

Os museus não permitem entrada 1 hora antes do fechamento!

Mais sobre Anna Maria:

Quem quiser saber mais sobre Anna Maria Luisa, indico esses dois livros em italiano, que eu devorei!

*Fotos: Wikipedia Commons /Comune di Firenze

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