Os locais de Michelangelo em Florença: a capela dos Medice

Continuando o nosso percurso através dos os lugares de Michelangelo em Florença, onde no primeiro post conhecemos a Biblioteca Medicea Laurenziana, agora vamos apreciar a Sagrestia Nuova, que fica no complexo chamado Cappelle Medicee, ou Capela dos Medice.

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Você já leu os outros textos sobre Michelangelo que já fizemos?

Le Cappellee Medicee

As Capelas dos Medici, são a reunião da Sagrestia Nuova e a Cappella dei Principi, que foram criadas para ser o mausoléu da família Médici, e são hoje um só museu público. As construções porém, são de períodos diferentes, a Sagrestia Nuova (Sacristia Nova) foi realizada em 1520 por Michelangelo e a Cappella dei Principi (Capela dos Principes) foi realizada um século depois.

A Sagrestia Nuova

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A idéia da Sacrestia foi concebida pelo Papa Leão X para acomodar dignamente os túmulos de seu pai, Lorenzo il Magnifico, junto com seu irmão, Giuliano, Duque de Nemours, e seu sobrinho Lorenzo, Duque de Urbino. Mas a Sacristia Nova só começou a ser construída realmente em 1520, pela vontade do segundo papa da família Medici, Papa Clemente VII. Michelangelo dedicou-se a sua realização até 1534, o ano em que finalmente se estabeleceu em Roma. E foi terminada por Vasari e Bartolomeu Ammanati.

Ao adotar o modelo arquitetônico da Sacristia “velha” (a que pertence à Basílica de San Lorenzo – veja ela aqui), ele construiu um ambiente cúbico sobre uma cúpula hemisférica na qual os elementos arquitetônicos se destacam pelo uso da pedra serena. Mas o espaço é baseado em novo conceito de bicromia, onde o cinza das pedras com o branco das paredes aumenta o drama dos grupos escultóricos dos dois túmulos.

Com a Sacristia Nova, Michelangelo demostra a sua genialidade em toda a sua magnitude, pois aqui podemos observar uma verdadeira arquitetura esculpida!

As esculturas

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Muitos turistas se encantam com as esculturas na Sacrestia, mas se esquecem que esta é uma capela funerária, e o tema dominante é a imortalidade da alma. Para o cristão a imortalidade da alma é um dogma da fé. A misericórdia de Deus acolhe a todos na sua paz, os pobres mortais, bem como os Ducas da família Médici.

Sobre a sepultura de Lorenzo, o Magnífico, e Giuliano De´Medici, encontramos Maria com o menino Jesus de Michelangelo e os Santos Cosme e Damião, protetores da familia, realizados por seus colaboradores.

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Giuliano, Duca de Nemours

Os outros dois túmulos são de Giuliano, Duque de Nemours, e Lorenzo, Duque de Urbino, ambos grandes capitães militares e que moreram jovens. Estas esculturas são todas caracterizadas por alongamentos e torções, e foram deixadas voluntariamente incompletas em algumas partes.

Sobre a sepultura da direita encontramos Giuliano, Duca de Nemours, na parte central, vestido de guerreiro e abaixo 2 figuras alegóricas, o dia a direita e a noite a esquerda. O dia e a noite, figuras que representam o tempo na terra dos mortais.

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Lorenzo, Duca de Urbino

Sobre a sepultura de Lorenzo, Duca de Urbino, encontramos a sua escultura na parte central e a baixo as duas figuras alegóricas da aurora e do crepúsculo, novamente figuras que aludem ao transcorrer do tempo.

E Michelangelo conseguiu atraves dessas maravilhosas esculturas não só simbolizar a imortalidade da alma, mas também a imortalidade da sua arte e da sua genialidade.

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Curiosidades:

  • ao Duca de Urbino, Niccoló Maquiavél destinou o seu livro Príncipe.
  • os dois Médices estão com o rosto voltado para a imagem de Maria, pois ela é um símbolo de refúgio aos pecadores, pois a glória terrena passa, mas somente a espiritualidade e a religião irão dar consolo às inquietudes do homem.
  • o corpo da Noite representa perfeitamente o abandono durante o sono
  • as figuras femininas, como acontece também nos afrescos do teto da Capela Sistina, em Roma, têm formas masculinas, com costas largas e muitos músculos.
  • há uma lenda que a qualquer um que criticasse a pouca semelhança do retrato com a verdadeira face de Juliano, Michelangelo, consciente que sua obra perduraria no tempo, respondia que dali a 10 séculos, ninguém iria notar.

Porém uma das coisas mais interessantes da Sacristia foi o que aconteceu com Michelangelo lá em 1530…. porém isso é história para o proximo post… aguarde o terceiro texto desta série! –> Michelangelo em Florença: o esconderijo na Capela dos Medici

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detalhe das escritas na parede… assunto do próximo texto…

Capella dei Principi

Esta parte, como citei acima, não faz parte de um obra de Michelangelo, mas como estou neste texto contando sobre a capela, nada mais justo que contar sobre a outra parte dela.

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É a realização característica de auto-glorificação dos Medici, a Cappella dei Principi foi concebida por Cosimo I já em 1568, mas sua construção começou sob o Grão-Duque Ferdinando I. É um mausoléu grandioso e pomposo erguido entre 1604 e 1640 pelo arquiteto Matteo Nigetti pelo desenho de Don Giovanni de ‘Medici, um membro da família que se interessava de arquitetura. O mausoléu foi construído para testemunhar com a sua grande cúpula e interior luxuosamente decorado de mármore, a grandeza da dinastia Médici, naquela época firmemente estabelecida no trono da Toscana.

A sala octogonal concebida para recolher os restos dos Grão-Duques, é na verdade quase inteiramente decorada com pedras semi-preciosas e mármore, com grandes sarcófagos completados com estátuas de bronze nos nichos. Os trabalhos de execução das incrustações de pedras semipreciosas, realizada pela oficina chamda Opificio delle Pietre Dure, durou séculos, devido à dificuldade de encontrar esses materiais, e pelo custo muito elevado.

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A cúpula, por exemplo, originalmente tinha indicação de revestimento interno de lápis-lazúli, mas foi deixada incompleta no final do período dos Medici e os afrescos foram feitos em 1828 por Pietro Benvenuti com cenas do Novo Testamento, à pedido da nova dinastia reinante, a família Asburgo-Lorena. Porém, foi Anna Maria Luisa de ‘Medici, a última herdeira de uma dinastia que teria morrido com ela, a querer dar à aceleração decisiva, entregando à história o último grande fruto dos Medici.

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Informações práticas para a visita
Horário: De segunda a domingo, das 8:15 as 13:50. Aberto também na primeira, terceira e quinta segundas do mês. A bilheteria fecha as 13:20
Fechamento: segunda e quarto domingo do mês, 1° de janeiro e de maio e Natal.
Nos períodos de exposição temporária, o museu aumenta seu horário de abertura.
Ingresso:
Bilhete inteiro: € 8,00
BIlhete reduzido: € 4,00
Durante a exposição temporária o ingresso aumenta de preço.

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